quarta-feira, 24 de março de 2010

QUAL SERÁ MESMO A GENÉTICA DA MUTAÇÃO FÉO?

Salvem Amigos Canaristas;
Nesta última semana, voltei a algumas dúvidas antigas sobre a mutação FÉO que me fizeram questionar:
QUAL SERÁ MESMO A GENÉTICA DA MUTAÇÃO FÉO?
Tenho conversado com algumas pessoas sobre esta mutação, que em conjunto com a mutação Diluído, são as mais espetaculares mutações de CTs. A propósito da mutação Diluído, recentemente fiquei sabendo que foi transferida para os Canários de Cor, através de hibridação com o Pintassilgo Comum (C.magellanicus) e a cor recebeu o nome de JASPE.
Fêmea Féo do Criadouro Butiá
Mas retornando aos FÉOs, a genética deles está meio nebulosa para mim. Vários criadores têm afirmado que a mesma é sexo-ligada, entretanto tenho uma experiência pessoal que me mostra ser autossômica. Vamos a  estoria dos primeiros Féos criados no RS.
Há uns 13 anos um amigo meu, um criador obstinado por mutações, tinha uma velha fêmea de S.f.pelzelni canela de origem selvagem. Tínhamos outro amigo em comum já falecido, o “Betão”, que numa temporada de veraneio ficou tomando conta dos pássaros deste amigo criador de mutações durante uma viagem prolongada. Fui visitá-lo e ele me disse que esta canária canela estava de ninho pronto, mas o dono não queria acasalar com nenhum outro canário que não fosse da mutação Canela, pois seria perda de tempo. Disse eu então ao Betão que sem que ele soubesse cruzasse a fêmea canelinha com um macho comum de S.f.brasiliensis que ele possuía e que já havia gerado descendência. Feito isto nasceu e foi criado um macho normal, logo rejeitado pelo proprietário “pois não se tratava de mutação”, pura perda de tempo. Falei para o Betão, meu comparsa nesta empreitada que pedisse para ele de presente o tal filhote macho “rejeitado”. Feito isto de posse do portador, orientei para que cruzasse com uma fêmea comum e observasse os filhotes. Logo na primeira ninhada, de 4 filhotes, dois nasceram canelas. Chamamos o “descrente” proprietário e mostramos a ele as duas filhotas canelas. Bem daí em diante ele comprou de volta o macho portador e as filhotas canela e passou a cruzar mutações com normais e parou de “perder tempo” aguardando o surgimento milagroso de uma mutação igual, enquanto a fêmea envelhecia.
Bem destas fêmeas filhotas canelas cruzadas com o pai portador saiu o macho canela que foi doado ao Thiago Azzi, filho do Paulo Azzi do Criadouro Butiá. Nesta mesma época recebi de presente do Aloísio Tostes duas fêmeas de aparência canela claras. Propus então a troca de uma das fêmeas ao Paulo Azzi por um macho portador de canela que ele possuía assim nós dois teríamos casais para gerar canelas. Bem ele cruzou a minha fêmea canela de origem Lagopas com o macho canela sexo-ligado que ele ganhou. Deste cruzamento no primeiro ano saíram só 4 filhotes, todos machos e normais. No ano seguinte o macho canela do Thiago Azzi morreu e daí em diante cruzaram a fêmea canela do Lagopas com um dos filhos normais portadores do primeiro ano. Dai em diante passaram a nascer vários filhotes canelas e alguns “AMARELINHOS”. Bom destes fatos eu tirei algumas conclusões:
1 – O macho e a fêmea, apesar de aparentarem ser canelas não deveriam ser da mesma mutação canela. Assim provavelmente existiam duas mutações canela.
2 – Como do macho eu conhecia a genética, na fêmea estava o “MISTÉRIO”.
3 – Pensei que os “AMARELINHOS”, que hoje sei serem Féos, poderiam ser a combinação das duas mutações canela em um mesmo pássaro.
4 – Ao descobrir que estes amarelos eram Féos e não a combinação das duas mutações canela, eu deduzi que a fêmea além de ser canela de uma mutação diferente, deveria ser também portadora de FÉO.

Casal de "AMARELINHOS" originais do Criadouro Butiá

Bom desta dedução surge o problema, se a mutação Féo é realmente sexo-ligada então as fêmeas não portam. Se as fêmeas não portam então que “raios” de fêmea era aquela que não sendo Féo na aparência era Féo “por baixo”.  Voltamos as dúvidas, por isso vou praticar o que aprendi com meus mestres na Biociência: “Se não foi possível comprovar uma tese: Pare tudo e volte ao início”. Assim, vou visitar meus amigos do criadouro Butiá e propor cruzamentos testes com a linhagem original de Féos. Desta forma teremos certeza se Féo é sexo-ligada ou autossômica. Tendo em conta que sabemos que a mutação Féo é recessiva, precisamos comprovar se é sexo-ligada. Para isto existem dois cruzamentos teste que comprovarão a transmissão sexo ligada:
1 - Cruzando um macho Féo com uma fêmea normal de linhagem sem nenhum parentesco com nenhum Féo ou outra mutação. Não basta ter aparência normal precisa ser “LIMPA” de mutações, ou seja uma fêmea comum de um criador que não crie e nunca tenha criado mutações de NENHUM TIPO, pois os criadores de mutação tem cruzado demais as mutações entre si e uma fêmea normal filha de um Opalino pode ter um gene Féo escondido por baixo devido a esta “promiscuidade”.
Resultado: Se TODAS as fêmeas nascidas deste cruzamento forem Féos, sem exceção, a mutação é sexo-ligada.  Já os machos nascidos serão todos portadores. Caso nasça uma canela, uma normal ou qualquer outra cor diferente de Féo, a mutação Féo não é sexo ligada.. Se nascer alguma fêmea “Não-Féo” a mutação poderia ser sexo-ligada se não fosse recessiva. Mas como dissemos antes, sabemos que machos normais podem portar Féo, assim tendo certeza que ela é recessiva, com este resultado ela não é sexo-ligada. Se a mutação for autossômica, deste cruzamento não nascerá nenhum Féo e todos serão portadores.
2 – Caso não nasça nenhuma fêmea no cruzamento 1, como comprovação final, cruzamos um macho filhote deste acasalamento 1 com a mãe limpa de mutações.
Resultado: Saindo algum Féo, que com certeza será fêmea, comprovamos a transmissão sexo-ligada recessiva. Não nascendo nenhum Féo comprovamos que a mutação é autossômica.
Resta agora para nós fazer os cruzamentos. Caso algum dos amigos tenha experiência com esta mutação aceitamos contribuições.
Saudações Canaristas
Fábio Paiva